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Comunicação Não Violenta: como aplicar no contexto corporativo

Recursos Humanos

16 minutos de leitura

Comunicação Não Violenta: como aplicar no contexto corporativo

Veja como a Comunicação Não Violenta cria relações mais humanas no trabalho e como avaliar seus impactos com indicadores claros.

Para Marshall Rosenberg, o desenvolvedor da Comunicação Não Violenta (CNV), essa é uma abordagem que surgiu não só para evitar conflitos, mas para fortalecer a empatia, a interação entre os funcionários e proporcionar um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.

O tema é cada vez mais urgente, afinal, a comunicação é uma das chaves do sucesso em qualquer empresa. 

Neste texto, vamos explicar o que é Comunicação Não Violenta, quais são os benefícios e como o RH pode implementar essa cultura no dia a dia corporativo, de forma prática e objetiva. Vem com a gente!

O que é Comunicação Não Violenta

Marshall Rosenberg criou o termo em 1960 e defendeu que a Comunicação Não Violenta deve ser transparente, consciente, empática e sem ofensas

Não por acaso, o ambiente de trabalho é um dos locais onde essa prática faz toda a diferença.

A Comunicação Não Violenta (CNV) constrói pontes entre as pessoas ao promover escuta ativa, empatia e clareza, e transforma a maneira como equipes e líderes se relacionam. 

Quando a voz de cada colaborador é ouvida e valorizada, a CNV se consolida como uma ferramenta que resolve inúmeros problemas, mas também fortalece as conexões humanas e cria um clima de confiança.

No ambiente corporativo, a CNV é especialmente útil para lidar com desafios complexos. Ao dar feedbacks construtivos, mediar conflitos e melhorar a comunicação interna, as organizações conseguem alinhar expectativas, minimizar desgastes e gerar mais engajamento.

Vale dizer, ainda, que essa estratégia é aplicada na comunicação verbal (escrita ou falada) e também na comunicação não verbal (gestos, expressões faciais e corporais, imagens ou códigos).

Os quatro pilares da Comunicação Não Violenta

A CNV é dividida em quatro pilares, que são: observação, sentimentos, necessidades e pedidos. 

Nos exemplos abaixo, veja medidas práticas sobre como utilizá-los no dia a dia.

Observação sem julgamentos

A observação é a primeira parte de uma comunicação não violenta. Ela consiste em analisar uma situação sem adicionar interpretações, julgamentos ou juízos de valor.

Na prática, o interlocutor deve mediar a resolução do conflito sem criticar, trocando, por exemplo, “Você nunca entrega nada no prazo” por “Notei que as últimas entregas foram realizadas após o prazo combinado”.

Identificação e expressão de sentimentos

Já a identificação e expressão de sentimentos deve ser baseada em uma comunicação honesta e respeitosa, sem reprimir os sentimentos ou julgá-los como fraqueza. Afinal, não comunicar o problema não fará com que ele desapareça. 

No contexto de gestão de pessoas, essa abordagem é especialmente útil em feedbacks ou conversas difíceis. A ideia é criar espaço para um diálogo aberto, o que permite que todos entendam o que está acontecendo e trabalhem juntos em soluções efetivas. 

Veja alguns exemplos de frases úteis para aplicar esse pilar da CNV:

  • “Preocupei-me com você ao perceber que o relatório foi entregue fora do prazo e sem a qualidade que costuma entregar”.
  • “Senti apreensão quando você me cobrou a tarefa antes do prazo que combinamos, pois isso me dá a sensação de que preciso correr contra o tempo e esse não é o contexto em que entrego a melhor performance”. 

Reconhecimento de necessidades

Reconhecer as necessidades é o terceiro pilar da CNV. Ter clareza sobre o que foi solicitado pelo emissor certamente otimiza o percurso da comunicação.

Por exemplo, em vez de supor o que a equipe e outras lideranças esperam de uma iniciativa interna, pergunte abertamente quais resultados desejam alcançar ou quais pontos consideram prioritários. 

Assim, você cria um ambiente mais transparente e direcionado a soluções práticas, que valoriza a escuta de necessidades e usa essas informações de forma pragmática.

Formulação de pedidos claros e concretos

O último pilar é a formulação de pedidos diretos e objetivos, para evitar interpretações ambivalentes. 

Na prática, isso pode ser comunicado de forma transparente, substituindo “Por favor, me envie suas sugestões quando puder” por “Gostaria que você revisasse o documento e adicionasse seus comentários até sexta-feira”.

Benefícios da Comunicação Não Violenta no ambiente de trabalho

A aplicação da CNV no ambiente corporativo resulta em benefícios qualitativos e quantitativos, que atingem a produtividade, o clima organizacional e até os resultados financeiros.

Aqui estão alguns exemplos de CNV no trabalho que geram resultados no dia a dia.

Melhoria na participação e retenção de talentos

Além de bons salários, os colaboradores buscam cada vez mais organizações que estejam alinhadas com os seus propósitos pessoais

Desenvolver-se profissionalmente em uma empresa que tem uma cultura de comunicação que não incentiva as diversas formas de violência cotidianas dá ao funcionário a sensação de pertencimento e valorização. 

Seguindo essa premissa, indicadores como a taxa de turnover e o Employee Net Promoter Score (eNPS) costumam melhorar quando a CNV é implementada como parte da cultura. 

Indiretamente, a melhoria dessas métricas impulsiona outras, como a redução de custos com demissões e contratações, por exemplo.

Redução de conflitos interpessoais

Além de minimizar o risco de atritos pontuais, a CNV incentiva a construção de relações pautadas pela empatia e pelo respeito, o que se reflete em indicadores tangíveis e estratégicos.

Isso pode ser medido por indicadores como taxa de absenteísmo, tempo médio de resolução de conflitos e quantidade de denúncias de assédio moral.

Fortalecimento da cultura organizacional colaborativa

A Comunicação Não Violenta ajuda as empresas a criar um terreno fértil para relações mais genuínas e engajadas, para que o RH, gestores e colaboradores passem a caminhar na mesma direção, com os mesmos valores como guias. 

Esse alinhamento não é apenas teórico: mostra-se em pesquisas de clima mais positivas, maior adesão a treinamentos e iniciativas colaborativas que, antes, não tinham tanto espaço ou comprometimento por parte dos stakeholders.

Essa mudança de perspectiva é o que fortalece a cultura organizacional, consolidando-a como um ecossistema de escuta ativa, apoio mútuo, abertura ao diálogo e senso de pertencimento.

Impactos financeiros e operacionais

Alguns indicadores financeiros que podem ser indiretamente influenciados pela CNV incluem:

  • custo de turnover: redução de gastos com recrutamento, seleção, integração e treinamento de novos colaboradores;
  • custo de absenteísmo: menos faltas e afastamentos significam menor impacto nas operações e menor gasto com substituições temporárias;
  • custo por hora trabalhada: equipes mais engajadas e focadas aumentam a produtividade e otimizam o uso das horas contratadas;
  • índice de eficiência operacional: com menos conflitos e mais engajamento, diminui o retrabalho, o presenteísmo e o desperdício de recursos;
  • custo de suporte: interações mais eficazes reduzem a necessidade de programas corretivos e investimentos constantes em mediação de conflitos.

Como implementar a Comunicação Não Violenta dentro e fora do RH

É preciso criar um planejamento para alinhar a comunicação estratégica e os valores culturais da empresa. 

Para facilitar esse processo, aqui vão algumas dicas.

Capacitação do RH e da liderança para a CNV

O RH precisa desenhar esse projeto e avaliar, primeiramente, como inseri-lo na capacitação dos gestores e funcionários. Com workshops e treinamentos, os colaboradores desenvolverão habilidades como escuta ativa, observação sem julgamento e identificação de necessidades

Ao adotar essa nova metodologia, o RH contribui para que as lideranças tenham as habilidades necessárias para conduzir a resolução de conflitos, ter empatia com os funcionários e aplicar feedbacks construtivos.

Para medir a efetividade dos treinamentos, aplique feedbacks pós-evento e eNPS para clima interno.

Integração da CNV nos processos de gestão

A CNV também pode ser aplicada nos processos de gestão. Com a padronização, fica mais fácil seguir seus direcionamentos.

A dica é criar templates e frameworks baseados nos pilares da CNV para feedbacks, reuniões 1on1 e relatórios de desempenho, o que facilita a adoção em massa. 

O RH é um importante suporte nesse contexto. O setor pode, por exemplo, criar um modelo de feedback que oriente o líder a descrever a situação de forma objetiva, identificar os sentimentos envolvidos, reconhecer as necessidades não atendidas e sugerir um pedido claro. 

Da mesma forma, pode também elaborar um checklist para reuniões periódicas, com a definição de momentos específicos para ouvir cada membro da equipe e validar suas preocupações.

Um gestor poderia dizer, sem aplicar a CNV, frases como: "Você não atingiu as metas porque é desorganizado" ou “Você não é capaz de desenvolver esse trabalho com a qualidade que precisamos”. 

Além de criar um clima organizacional ruim e dificultar a relação entre líderes e liderados, esse tipo de comportamento pode resultar em queixas de assédio moral.

Com a CNV, a forma de repassar essas observações em uma sessão de feedback muda, aplicando mais empatia e objetividade.

Com a aplicação da CNV, portanto, o gestor poderia reformular: 

"Notei que as últimas metas não foram alcançadas (observação). Senti preocupação (sentimento), pois acredito que a gestão do tempo pode ser um desafio, e os prazos estão apertados (necessidade). Vamos revisar juntos o seu planejamento para as próximas semanas, para garantir que entregaremos tudo a tempo? (pedido)." 

Fomentando a CNV na comunicação entre colaboradores

A Comunicação Não Violenta só funciona quando sai da teoria e gestores e colaboradores a incluem em suas rotinas diárias.

Para colocar a mão na massa, é importante que essa estratégia seja reforçada em:

  • espaços para discussões abertas, como rodas de conversa e palestras;
  • conteúdos digitais, como vídeos e podcasts;
  • momentos de feedback;
  • e-mails com solicitações de demandas.

Medindo o impacto da implementação da CNV

A implementação da CNV — em qualquer ambiente, especialmente o corporativo — requer um acompanhamento contínuo, para que as suas diretrizes funcionem.

Para avaliar o impacto, utilize indicadores claros e objetivos. Algumas métricas sugeridas são:

  • taxa de resolução de conflitos sem escalonamento: a quantidade de conflitos resolvidos diretamente entre as partes envolvidas, sem a necessidade de intervenção hierárquica, é um bom indicador do sucesso da CNV;
  • tempo médio para resolver problemas interpessoais: mensurar o período necessário para solucionar desentendimentos pode revelar a agilidade e a efetividade das práticas adotadas;
  • melhorias no clima organizacional: pesquisas periódicas sobre o clima no ambiente de trabalho podem identificar mudanças positivas na percepção dos colaboradores.

Esses indicadores, quando acompanhados regularmente, permitem não apenas mensurar o impacto da CNV, mas também identificar pontos de melhoria e ajustar as estratégias.

Desafios e soluções na prática da Comunicação Não Violenta

Embora a Comunicação Não Violenta ofereça diversos benefícios, sua aplicação prática pode ser desafiadora no ambiente corporativo. Entre os obstáculos mais comuns estão os julgamentos involuntários, a resistência cultural e a dificuldade em expressar sentimentos e necessidades de maneira clara.

Para vencer esses desafios, o autoconhecimento é um elemento importante. Incentivar que todos reconheçam os próprios padrões de comunicação e busquem uma postura mais reflexiva sobre eles é essencial. 

Por isso, disponibilize treinamentos para os funcionários e incentive a busca por terapia, que é uma das principais ferramentas de autoconhecimento.

Além disso, é importante promover uma cultura organizacional que valorize a prática contínua e o acompanhamento de resultados, a fim de que as mudanças se consolidem ao longo do tempo.

Dicas práticas para adotar a CNV no dia a dia corporativo

Para incorporar essa abordagem ao cotidiano corporativo, considere as seguintes práticas: 

  • praticar escuta ativa: dedicar atenção genuína ao que o outro fala, sem interrupções ou julgamentos. Mostre interesse por meio de perguntas e reformulações, como “Se entendi corretamente, você está dizendo que...”;
  • evitar acusações e críticas diretas: trocando frases acusatórias, como “Você sempre atrasa tudo”, por observações objetivas, como “Notei que o prazo da última tarefa não foi cumprido”;
  • expressar seus sentimentos com clareza: em vez de mascarar ou reprimir suas emoções, utilize expressões como “Senti uma certa ansiedade ao perceber que não recebi retorno sobre o relatório que fiz”. Isso reduz mal-entendidos e torna a comunicação mais empática.

Ao adotar a CNV, as empresas dão um passo concreto rumo a relações de trabalho mais saudáveis e construtivas, em que feedbacks justos e focados em melhorias substituem antigas tensões.

Quando praticada de forma consistente, a Comunicação Não Violenta fortalece o senso de parceria, incentivando equipes engajadas, lideranças mais humanas e resultados que se alinham às estratégias da organização. Esse movimento melhora o bem-estar dos colaboradores, enquanto impulsiona indicadores de sucesso de maneira sustentável. Coloque essa transformação em prática!

Agora, aproveite para descobrir os tipos, como fazer e exemplos práticos da comunicação interna nas empresas. Não deixe de ler!

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Por Julia Silva

Última atualização em 11 de abril de 2025

16 minutos de leitura

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